domingo, 29 de maio de 2011

Homoafetividade


 

A estrutura familiar de qualquer época e/ou cultura não é uma organização natural, tampouco determinada por alguém. Até um tempo atrás, não faz muito, as famílias eram constituídas por pai, mãe e filhos, com funções bem definidas. Atualmente, percebem-se famílias constituídas por pais separados, dos quais através de uma nova união resulta a convivência entre os filhos dos casamentos anteriores e os filhos do atual; famílias chefiadas por mulheres; famílias extensas; famílias de casais sem filhos; famílias sem laços sanguíneos... e as homoafetivas.  

Utilizo aqui a expressão homoafetivas, como medida de respeito às escolhas afetivas em geral, uma vez que a expressão homossexual ganhou um julgamento de doença e homossexualidade, sentido de identidade. Há muitos anos, a sociedade vem se questionando quanto à legitimação do casamento homoafetivo. Nesse sentido, dia 5 de maio deste ano 
(...) o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou por unanimidade o reconhecimento da união homoafetiva como “entidade familiar”. A decisão estende a casais do mesmo sexo direitos até então restritos a casais heterossexuais, como herança, benefícios da previdência, inclusão como dependente em plano de saúde e adoção, entre mais de 100 direitos. Todos os ministros votaram com o relator Carlos Ayres Britto, que argumentou que “a família é a base da sociedade, e não o casamento”, o que amplia a interpretação legal do que significa uma entidade familiar. (BORGES)


Segundo Szymanski (2004), família é “um grupo de pessoas que convivem, reconhecendo-se como família, propondo-se a ter entre si uma ligação afetiva duradoura, incluindo o compromisso de uma relação de cuidado contínuo entre os adultos e deles com as crianças, jovens e idosos”. 


A partir desse conceito, podemos pensar sobre a constituição de uma família homoafetivas cuidadora de filhos. A adoção por homoafetivos era uma das questões em pauta. Desconhecia-se ou ignorava-se que uma família é composta por pessoas que compartilham afetividade e que suas funções dentro desta são exercidas independente do sexo que tenham. Assim, a educação e os cuidados necessários às crianças não deixariam de ser realizados em função de terem “dois pais” ou “duas mães”. 


Tenta-se passar a idéia de que as mudanças podem trazer o caos social e lança-se uma cortina de fumaça sobre as reais causas da desagregação moral de nossa sociedade, marcada pela desigualdade social. Muitos teimam em permanecer cegos diante da evidência de que a mera manutenção de um modelo de família não garante a criação de um ambiente adequado de desenvolvimento para seus membros, e que muitos problemas com crianças e adolescentes estão ocorrendo naquelas famílias que apre-sentam o desenho do modelo tradicional. (Szymanski, p. 7)

Sem dúvida, o processo de aceitação é demorado, isso porque as regras e valores de uma dada sociedade passam por um longo período até que sejam incorporados e passem a ser vistos como algo natural.  A família é a base da sociedade, é o começo do convívio ao nascer, é quem passa a cultura, os valores... Uma sociedade que não tem preconceitos às relações afetivas ensina aos seus integrantes a relacionar-se melhor entre si.  



BORGES, Rodolfo. STF Aprova Casamento Gay. Acesso: 29 de maio de 2011, às 19:45 hs. Disponível em:< http://www.brasil247.com.br/pt/247/brasil/2179/STF-aprova-casamento-gay.htm>.
BOCK, Ana Mercês Bahia, et al. Família... o que está acontecendo com ela? In:_________. Psicologias: Uma introdução ao estudo da psicologia. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. Cap. 17, p. 247-260.
SZYMANSKI, Heloisa. Práticas Educativas Familiares: A família como foco de atenção psicoeducacional. Rev. Estudos de Psicologia, PUC-Campinas, v. 21, n. 2, p. 5-16, maio/agosto 2004. 

Sugestões:  Existem vários filmes sobre relacionamentos homoafetivos, mas vou deixar minha indicação para alguns dos que conheço...




Filmes: Eu os Declaro Marido...e Larry; Harvey Milk; Uma Família Bem Diferente.

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